“Série Energia”: Transição energética nos transportes pesados, desafios para caminhões e ônibus no Brasil
A malha rodoviária brasileira é responsável pela maior parte do transporte interno de cargas e passageiros do País. No entanto, a dependência de veículos de grande porte é uma ameaça ao meio ambiente, uma vez que representam uma parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa. A descarbonização, a transição energética e as rotas tecnológicas são os destaques deste episódio da Série Energia.
O professor Fernando de Lima Caneppele, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP de Pirassununga (SP) aponta que uma das principais soluções para essa questão é a eletrificação. “Para ônibus urbanos a utilização de baterias de grande porte já é uma realidade em diversas cidades brasileiras. Porém, a transição exige um investimento massivo com um custo elevado, principalmente na infraestrutura de recarga.”

Caneppele ainda informa que nos caminhões a situação é ainda mais complexa, pois o volume e o peso das baterias para o deslocamento de grandes distâncias limitam a capacidade de carga do veículo, tornando a logística complexa e, por enquanto, economicamente desafiadora.
Outra saída, que se apresenta de forma mais viável para redução da emissão de gases estufa é o uso de biocombustíveis avançados, como o diesel verde (HVO) e o biometano. Segundo o professor, “o diesel verde, produzido a partir de óleos vegetais, é quimicamente idêntico ao diesel de petróleo, sendo utilizado nos motores sem necessidade de adaptação. Já o biometano é uma alternativa para veículos a gás, produzido à base de biogás gerado em aterros sanitários ou na agroindústria”.
Para o professor, o grande desafio dos biocombustíveis avançados é garantir escala de produção e competitividade de preço sem gerar pressões sobre o uso da terra e a produção de alimentos.
Outra opção sugerida por Caneppele é o hidrogênio (H2). Ele explica que “em células de combustível, o hidrogênio se combina com o oxigênio para gerar eletricidade, movendo o veículo e emitindo apenas vapor d’água, trazendo uma vantagem de abastecimento rápido e uma grande autonomia, sendo ideal para rotas longas”.
Apesar disso, os desafios ainda são muito grandes, pois a produção do hidrogênio verde (H2V) ainda é cara e não há uma infraestrutura de produção, transporte e postos de abastecimento de hidrogênio no País.
A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele que coproduziu este episódio com o jornalista Ferraz Junior, da Rádio USP de Ribeirão Preto. Você pode sintonizar a emissora em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.
*As informações são do Jornal da USP (Campus Ribeirão Preto).
